“O amor é triste” diz Pedro. Não
há paixão sem sofrimento. Quem se apaixona sofre e o mais incrível é que se gosta desse sofrimento. Sofre-se porque não é correspondido, sofre-se porque é
proibido. Esse sofrimento vicia, e pode-se morrer de overdose. Não há amor sem
obstáculos. O amor-recíproco-feliz vira rotina e morre.
Romance tem como
ponto de partida a montagem teatral da lenda medieval de Tristão e Isolda,
amantes trágicos cuja história teria inspirado o Romeu e Julieta de William
Shakespeare.
No palco, estão a
atriz Ana (Letícia Sabatella) e o ator e diretor Pedro (Wagner Moura). A
fronteira entre realidade e ficção começa a se romper quando Ana e Pedro se
apaixonam tanto na peça, quanto na vida real. Sem maiores dramas, até o dia em
que ela recebe um convite de estrelar uma novela.
Aceitar o convite do
produtor Danilo (José Wilker) significa entrar direto na ponte aérea - o teatro
fica em São Paulo,
a emissora de TV, no Rio. Mais do que esse problema geográfico, entre a novela
e a peça, intromete-se o veneno do ciúme entre o casal. Ana faz sucesso na
televisão e isso atrai multidões ao teatro. Mesmo assim, as diferenças crescem
entre Pedro e Ana e eles se separam.
O melhor de tudo é
que Romance, ao fazer sua própria metáfora, não perde de vista os
sentimentos. Há momentos em que o filme genuinamente comove. Sua mistura de
comédia, drama, romance e metalinguagem não é nada fácil de obter. Felizmente,
o resultado é primoroso, num filme ao mesmo tempo sofisticado e divertido.
"Agente não vê quando o amor
acontece, por isso não se sabe como acontece...
Pra explicar o inexplicável,
agente diz que foi o vinho do amor."