Quem escreve constrói um castelo;
E quem lê passa a Habitá-lo...

28 de agosto de 2012

Estamos com fome de amor



Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: “Digam o que disserem, o mal do século é a solidão”. Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão “apenas” dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a “sentir”, só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

[...]

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, “pague mico”, saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.
Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: “vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida.

Antes idiota que infeliz!”

Arnaldo Jabor


25 de agosto de 2012

Trechos



[...]Respirando fundo, ele me beija na testa e sai. Anda decidido até o carro, passando a mão no cabelo. Olhando para cima ao abrir a porta do carro, dá aquele sorriso de tirar o fôlego. Retribuo com um sorriso fraco, completamente deslumbrado, e torno a me lembrar de Ícaro se aproximando demais do Sol. Fecho porta de casa quando ele entra em seu carro esporte. Tenho vontade avassaladora de chorar, estou angustiada, e me sinto só e melancólica. Voltando depressa para o quarto, fecho a porta e me encosto nela, tentando racionalizar meus sentimentos. Não consigo. Escorrego para o chão, ponho as mãos na cabeça e deixo as lágrimas começarem a rolar.[...]


Anastasia Steele


(Trecho do livro "Cinquenta Tons de Cinza"  por E L James, pág. 180)

21 de agosto de 2012

Contos e encontros



Dia agitado muito trabalho, muito coisa a ser feita. O barulho da cidade não parava um só instante... De repente o telefone toca, na correria nem observei quem estava me ligando. Apenas senti um arrepio me percorrer o corpo quando ele falou do outro lado.
Sua voz grossa e um pouco rouca, fiquei surpresa com a ligação, a tanto já não me ligava. Perguntou-me por onde eu estava e como por coincidência ele estava próximo. Marcamos de nos encontrar no seu escritório, não ficava muito distante dali.
Ao chegar lá, eu o encontro sozinho, lindo como sempre. Com seu jeito ignorante e grosseiro me manda entrar. Ele estava sentado bem em minha frente e começamos a trocar algumas palavras, coisas bobas.
Ele todo sedutor se espreguiça na cadeira e deixa seu abdômen aparecer, o arrepio me percorre a espinha, como ele pode mexer tanto comigo assim. Olhando-me fixamente, me faz propostas um tanto indecentes e eu recuso de imediato, mas meu desejo era poder possuí-lo ali mesmo.
Ele chega mais perto, o ambiente está quente, senta ao meu lado. Minhas mãos suando frio. Ele percebe que estou ansiosa e que o desejo. Ele se aproxima mais e começa a falar baixinho em meu ouvido, passando seus lábios pela minha nuca. Sinto seu hálito quente.
Em uma fração de segundos ele me ergue e me joga em cima de sua mesa, eu tento resistir, mais não posso negar que também quero. Quero sim poder senti-lo dentro de mim, ali mesmo, em seu ambiente de trabalho. Ele delicadamente levanta minha saia e passeia com sua mãe por entre as minhas coxas, logo ele percebe o quanto estou molhada, desejando-o.
Sem demora o cinto é tirado, a calça é aberta e posso ver seu órgão ereto, firme, duro. Ele me puxa, e o introduz em mim. Solto um gemido, e ele continua em um movimento de vai e vem a me satisfazer o desejo. Desliza suas mãos pela minha perna até alcançar meu clitóris, e começa tocá-lo. Eu sentia meu corpo arder em chamas, há tempos não me sentia tão viva assim...
Sinto meu corpo todo estremecer, perco os sentidos, apenas sinto a doçura do momento que gozo...

Eu me levanto, me recomponho, dou-lhe um beijo e me retiro.
Ainda há muito que resolver lá fora...


16 de agosto de 2012


Os olhos ardem...

As lagrimas contidas há tanto tempo insistem em sair... Continuo a insistir em não chorar, em não deixar mais uma vez a dor tomar conta de mim.

Não quero mais sentir sua falta, não quero mais sofre a falta de não te sentir mais em mim.

Respiro fundo, e a lagrima volta a se conter.





Mesmo assim não tive medo,
Porque sei que amanhã é só mais um dia,
Mais uma manhã, outra noite fria


Lágrimas Contidas (Square)

8 de agosto de 2012

O teu segredo


O coração palpitava, estava ansiosa... Sabia que aquilo poderia não ser bom pra ela.

As mãos suavam, e ansiedade de abrir a caixa aumentava mais e mais.

Lentamente ela levanta a tampa da caixinha, e o coração batia cada vez mais rápido. Nesse momento as mãos tremiam, ela já não conseguia mais segura o pequeno objeto em suas mãos.

É talvez ela estivesse errada, mas estava ali diante dos olhos dela... O segredo que ele tanto escondia.

Foi impossível conter as lágrimas...


O silêncio toma conta do pequeno quarto. Só se houve seu choro.
Seus soluços.

Ela respira fundo, mas a dor que nesse momento inunda seu peito chega a ser insuportável. Deita na cama em posição fetal e fica ali por um longo tempo... Pensando.

Pensando em como o segredo dele roubo o seu sorriso...


Como eu pude um dia me apaixonar por você.


3 de agosto de 2012

Sobre o ciúme


Porque eu tenho pesadelos que parecem tão reais até quando você me abraça.
E eu acordo triste, e brigo de verdade e passo o dia grave e dolorida como quando a gente leva um tombo no piso liso... Que é só o passado.

É como se eu sentisse um ciúme horroroso do meu livro predileto comprado em sebo, a dedicatória apaixonada que não é a minha, os resquícios do manuseio de outras mãos. Alguém corrompeu o trecho que eu mais gostava quando grifou à caneta algo que não pude apagar com borracha e que era tão secretamente meu. Desenhou corações onde só havia minha dor e eu discordei da interpretação alheia. E achei aquilo tudo de uma crueldade atroz. Mas permaneci com o livro no colo, cheia de um afeto confuso por ele:

afeto pelo que era, angústia por já ter sido de outro alguém, e aquela sensação (imbecil) de falta de exclusividade.

Ciúmes é medo disfarçado em amor.
Eu que sempre achei que tudo é e está para o mundo.

Perdoa o meu senso de auto-importância, já que não consigo perdoar o meu egoísmo.

Eu sei que em alguns presentes, no embrulho, laços do passado são aproveitados. Eu só queria que eles não fossem tão vermelhos: desses que doem nos olhos e no coração.



Marla de Queiroz