Quem escreve constrói um castelo;
E quem lê passa a Habitá-lo...

21 de novembro de 2012

Oração



Meu Deus, não sou muito forte, não tenho muito além de uma certa fé.
Preciso agora da tua mão sobre a minha cabeça.
Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir.
Que eu continue alerta. Que, se necessário, eu possa ter novamente o impulso do voo no momento exato.
Que eu não me perca, que eu não me fira, que não me firam, que eu não fira ninguém. Livra-me dos poços e dos becos de mim, Senhor.


16 de novembro de 2012

Amor não se pede.



Se implorar resolvesse, não me importaria. De joelhos, no milho, em espinhos, agachada, com o cofrinho aparecendo.
Uma loucura qualquer, se ajudasse, eu faria com o maior prazer. Do ridículo ao medo: pularia pelada de bungee jump.
Chorar, se desse resultado, eu acabaria com a seca de qualquer Estado, de qualquer espírito.
Mas amor não se pede, imagine só.
Ei, seu tonto, será que você não pode me olhar com olhos de devoção porque eu estou aqui quase esmagada com sua presença? Não, não dá pra dizer isso.
Ei, seu velho, será que você pode me abraçar como se estivéssemos caindo de
uma ponte porque eu estou aqui sem chão com sua presença? Não, você não pode dizer isso.
Ei, monstro do lixo, será que você pode me beijar como um beijo de final de filme porque eu estou aqui sem saliva, sem ar, sem vida com a sua presença? Definitivamente, não, melhor não.
Amor não se pede, é uma pena.
É uma pena correr com pulinhos enganados de felicidade e levar uma rasteira.
É uma pena ter o coração inchado de amar sozinha, olhos inchados de amar sozinha. Um semblante altista de quem constrói sozinho sonhos.
Mas você não pode, não, eu sei que dá vontade, mas não dá pra ligar pro
desgraçado e dizer: ei, tô sofrendo aqui, vamos parar com essa estupidez de não me amar e vir logo resolver meu problema?
Mas amor, minha querida, não se pede, dá raiva, eu sei.
Raiva dele ter tirado o gosto do mousse de chocolate que você amava tanto.
Raiva dele fazer você comer cinco mousses de chocolate seguidos pra ver se, em algum momento, o gosto volta.
Raiva dele ter tirado as cores bonitas do mundo, a felicidade imensa em ver crianças sorrindo, a graça na bobeira de um cachorro querendo brincar.
Ele roubou sua leveza mas, por alguma razão, você está vazia.
Mas não dá, nem de brincadeira, pra você ligar pro cara e dizer: ei, a vida é curta pra sofrer, volta, volta, volta.
Porque amor, meu amor, não se pede, é triste, eu sei bem. É triste ver o Sol e não vê-lo se irritar porque seus olhos são claros demais, são tristes as manhãs que prometem mais um dia sem ele, são tristes as noites que cumprem a promessa.
É triste respirar sem sentir aquele cheiro que invade e você não olha de lado, aquele cheiro que acalma a busca. Aquele cheiro que dá vontade de transar pro resto da vida.
É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito. Tanto amor querendo fazer alguém feliz.
Tanto amor querendo escrever uma história, mas só escrevendo este texto
amargurado.
É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer, implorar.
É triste lembrar como eu ria com ele.
Mas amor, você sabe, amor não se pede. Amor se declara: sabe de uma coisa?
Ele sabe, ele sabe.

Tati Bernardi

23 de outubro de 2012

Deixe-me.



E hoje não sofro mais... Mas a dor, a essa é inevitável.

A dor de não ter, a dor de não poder, a dor de muitas palavras que querem ser ditas e não pode!!
A dor de querer algo que te foi arrancado.

Essa inevitável dor que coroe meu peito a cada dia!

O que mais dói é a falta de compreensão de quem nunca a sentiu. De quem olha pra você e te julga por não ver tal dor.
Ela não precisa estar estampada em meu rosto, não preciso que ninguém sinta essa dor por mim.

Deixe-me, ficarei aqui, sozinha, incompreendida, com minha e só minha DOR.

15 de outubro de 2012

“Winsor McCay”


Google Doodle comemora 107º Aniversário de “Little Nemo in Slumberland”


Winsor McCay foi um cartunista e animador norte-americano. Artista prolífico, McCay foi pioneiro na técnica de desenhos animados, criando um padrão que seria seguido por Walt Disney e outros em décadas seguintes.

Imagem do Google Doodle 

Em 1911 McCay lança sua primeira animação, Little Nemo, porem é em 1914 que lança sua obra prima, Gertie the Dinosaur, considerado um dos marcos da história da animação.

Gertie the Dinosaur (Winsor McCay, 1914)

 


2 de outubro de 2012

Borbulhas de Amor.



Tenho um coração
Dividido entre a esperança
E a razão
Tenho um coração
Bem melhor que não tivera...




Esse coração
Não consegue se conter
Ao ouvir tua voz
Pobre coração
Sempre escravo da ternura...






Canta coração
Que esta alma necessita
De ilusão
Sonha coração
Não te enchas de amargura...


27 de setembro de 2012

De que adianta...



 ...os chocolates e brigadeiros que como,
se o único doce que desejo é o de sua boca;
...o sorriso no rosto, se por dentro o peito chora;
...a colcha quentinha em noites frias, se o seu corpo era o meu melhor aquecedor.

As noites em que me embriago nessa falsa felicidade, é como um paliativo para dor, como um anestésico que ameniza temporariamente meu sofrimento...

...temporariamente.

E não há lugar no mundo que me faça esquecer de você, lembro-me de cada detalhe seu. Do seu cheiro, do seu perfume, da maciez da sua pele, do seu sorriso, do tom da sua voz, dos seus braços que me apertavam no reencontro.

Hoje estou aqui, me debulhando em palavras pra tentar não chorar. Sorrindo, tentando convencer a mim mesma que estou bem. E tentando ao máximo esquecer você, sem perceber quanto mais tento, mais me vem suas memórias.

De que adianta a vida, se você não está ao meu lado.



"Queria apagar a luz do meu quarto, por meus fones de ouvido e ligar aquela música 
no volume máximo e chorar, sem tempo definido. Estou cansada de até mesmo marcar hora pra chorar."


21 de setembro de 2012

HOMENS, LEIAM.




As mulheres que mais irão marcar a sua vida são as CHATAS.
Também chamadas de loucas, ciumentas, bipolares, confusas, esquisitas.
As chatas te ligam de madrugada cobrando algo que você fez na semana passada, elas brigam contigo, olham feio para a mulherada que ta em volta de você, às chatas fazem cara feia, batem o pé, fazem bico, batem boca contigo sem pensar nas consequências e...
...principalmente são ciumentas...
Mas vou te perguntar uma coisa: Quem não gosta de se sentir desejado?!
Uma mulher que não te procura ou não esta nem aí para você ou tem medo de te perder e prefere fingir que não viu ou ouviu nada logo elas NÃO TÊM IDENTIDADE!
As chatas podem incomodar, mas estão ali do seu lado em qualquer situação, não ligam para sua conta bancária ou quantos carros têm na garagem, elas te cercam tanto que não deixam que nada de ruim se aproxime de você...
Elas podem ter seus defeitos, mas fazem tudo para ser perfeitas, NÃO pedem desculpas e são marrentas, porém se tratá-las bem são as pessoas mais doces que ira conhecer...

Então valorize aquela mulher que bate o pé, xinga, teima, porque essa mulher sim esta dando valor para o que você é!

#fato

20 de setembro de 2012

Adeus, meu amor...



...logo nos desconheceremos.

Mudaremos os cabelos, amansaremos as feições, apagarei seus gostos e suas músicas.
Vamos envelhecer pelas mãos.
Não andarei segurando os bolsos de trás de suas calças.
Tropeçarei sozinho em meus suspiros, procurando me equilibrar perto das paredes.
Esquecerei suas taras, suas vontades, os segredos de família.
Riscarei o nosso trajeto do mapa.
Farei amizade com seus inimigos. Minha bolsa não será mais pendurada em sua janela.
Não poderei me gabar da rapidez com que você abria meu sutiã.
Vou deixar o cabelo crescer, falar mais baixo, fazer sinal da cruz ao passar por igrejas e cemitérios.
Passarei em branco por algumas datas, elas já não fazem mais sentindo.
O mar cobrirá o desenho das quadras no inverno. As pombas sentirão mais fome nas praças.
Perderei a seqüência de sua manhã – e não sentirei mais o cheiro bom do seu perfume.
Meus dias serão mais longos sem você.
Não acharei minha esperança nas gavetas onde ficavam suas blusas.
Seus dentes estarão mais colados, mais trincados, menos soltos pela língua.
Ficarei com raiva de seu conformismo.
Perderei o tempo de sua risada.
A dor será uma amizade fiel e estranha.
Não perceberei seus quilos a mais, seus quilos a menos, sua vontade de nadar na cama ao se espreguiçar.
Vou cumprimentá-lo com as sobrancelhas e não terei apetite para dizer coisa alguma.


É como se eu ouvisse você dizer...
Não olharei para trás, para não prometer a volta.
Não olharei para os lados, para não ameaçá-la com a dúvida.
Adeus,”meu amor”, a vida não nos pretende eternos.


Haverá a sensação de residir numa cidade extinta, de cuidar dos escombros para levantar a nova casa.
Não compraremos mais besteiras juntos no supermercado, nem faremos festa na casa dos amigos.
Não puxaremos assunto com os garçons.
Não receberemos elogios de estranhos sobre nossas afinidades.
Não tocaremos os pés de madrugada.
Não tocaremos os braços nos filmes.
Não trocaremos de lado na cama quando algo incomodar.
Não dividiremos mais o mesmo lençol.
Não olharei mais as vitrines em busca de presentes.
O celular, por mim, permaneceria desligado.

Nunca descobriremos ao certo o que nos impediu, quem desistiu primeiro, quem não teve paciência de compreender.
Só os ossos têm paciência, meu amor, não a carne, com ânsias de se completar.
Não encontrarás vestígios de minha passagem no futuro.
Abandonarás de repente meu telefone.

Na primeira recaída, procurarei o seu número na agenda. E não o acharei na agenda.
Não se anota amores na agenda. Eu saberei de có.     
Na segunda recaída, perguntarei o que faço aos conhecidos.
As demais recaídas serão como soluços depois de tomar muita água.

Adeus, meu amor. Eu não serei a mãe de seus filhos.
Terei insônia com outros homens.
Desviarei de assunto ao escutar meu nome.

Adeus, meu amor.


Texto original de Fabricio Carpinejar
Adaptado por mim.



10 de setembro de 2012

Quando deixou de ser aquilo que era...



 ...Até mesmo quando deixou de fazer questão
de todas essas coisas que eu resolvi dar importância.
 E só dei importância porque quis que você soubesse o quanto eu o amo,
 o quanto sempre o amei. 
Antes eu nunca tivesse dito absolutamente nadado que eu disse. 
De repente, não estaria doendo como dói agora. 
Mas mesmo querendo muito a sensação de me arrepender de ter dito tudo o que eu disse, 
prefiro mesmo que você saiba. 
Um dia talvez você entenda o quanto a sua distração me dói, o quanto esse seu silêncio me rasga. 

Caio Fernando


Eu chorando...




Você pode não entender se às vezes fico pelos cantos,
Um tanto quieta, recolhida, mergulhada no meu pranto,
É que ele me liberta na hora,
No momento em que eu boto pra fora,
O que já não me serve vai embora,
E assim, eu fico leve...

Pitty

6 de setembro de 2012

Trechos




Estamos quase chegando ao fim da ponte, e a luz dos postes torna a iluminar a rua de modo que seu rosto está ora iluminado, ora no escuro. E essa é uma metáfora muito adequada. Este homem, que já considerei um herói romântico, um corajoso cavaleiro valente – ou cavaleiro das trevas, como ele disse. Ela não é um herói. É um homem com sérios e profundos problemas emocionais, e está me arrastando para a escuridão. Será que não posso guiá-lo para a luz?

            – Eu ainda quero mais - sussurro.
            – Eu sei – diz ele. – Vou tentar.
Pisco para ele, e ele larga minha mão e puxa meu queixo, soltando meu lábio mordido.
            – Por você, Anastácia, eu vou tentar.


(Trecho do livro "Cinquenta Tons de Cinza"  por E L James, pág. 318)


4 de setembro de 2012

Quando... será...





"Não podemos compreender nada se o mais raso que estivermos dentro daquilo, não seja no fundo. Qualquer coisa que avistamos incluir em nossa vida é para ser profundo, a ponto de que ali possamos mergulhar. Não acredito em nada diferente disso, e é por isso que não desvio, mas seguro o olhar.

Ele não entende e a resposta vem errada. A resposta não vem. Mesmo com todos os sinais e simpatias, mesmo com tantas coincidências premeditadas. Será que não pensa sobre as possibilidades e em alguma realidade me imaginar na sua vida? Será que deixaria eu colocar na sua estante uma fotografia do que seria se eu e ele fomos nós? Será que atenderia o telefone de madrugada? Será que pensaria em amar alguém tão apaixonada? Será que se doaria para alguém que não tem quase nada? Será que apostaria um futuro por alguém que acabou de esbarrar? Será que o sorriso que tem já é de alguém ou de outro lugar?

Quando entenderá que quero estar dentro, difusa com sua vida e seu sonhar? Quando entenderá que agora ele não é só alguém que encontrei nestas idas e vindas e não é só uma história para um dia lembrar? Quando notará que meu desejo não é só para agora, que só quero ir lá fora se vier me acompanhar? Quando entenderá que não é um estranho, um conhecido, um amigo que só encontro se a coincidência deixar? Quando estará comigo além de um breve olhar? Quando seu corpo se perderá com o meu? Quando eu vou poder entrar na sua rotina? Quando vou deixar das indiretas para te acordar? Quando vou poder mergulhar, ir no fundo, no teu mais que mais profundo e nunca mais voltar?"

Cáh Morandi



Ah, o tempo...




O tempo é muito lento para os que esperam,
Muito rápido para os que tem medo,
Muito longo para os que lamentam,
Muito curto para os que festejam,
Mas, para os que amam, o tempo é eterno.

William Shakespeare


3 de setembro de 2012

Dor é assim mesmo...



Olhe, não fique assim não, vai passar. Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai aguentar, mas aguenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. (Fernando Pessoa escreveu, num momento parecido, "hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu"). 

Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai aguentar, mas aguenta: as dores da vida. Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. Você acha que não, porque esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já tá lá longe. A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traqueia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo – é difícil de acreditar, eu sei – vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. Quando você for ver, passou. Agora não dá mesmo pra ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é bobagem. Como cantou Vinícius: "É melhor viver do que ser feliz". Porque pra viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, eu sei como dói. Mas passa. Tá vendo a felicidade ali na frente? Não, você não tá vendo, porque tem uma montanha de dor na frente (e de lágrimas também). Continue andando. Você vai subir, vai sentir frio lá em cima, cansaço. Vai querer desistir, mas não vai desistir, porque você é forte e porque depois do topo a montanha começa a diminuir e o único jeito de deixá-la pra trás é continuar andando. Você vai ser feliz.

Tá vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto de agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que tô falando a verdade. Eu não minto. Vai passar.

"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe?"


Caio Fernando Abreu


E o amor, cara?




E o amor, o amor, cara. O que eu faço com isso?
 — Você esquece, sei lá. Não tem tanta importância assim.





Que setembro venha com bons ventos, que me traga sorte e amor, que não me deixe sofrer, por favor.


2 de setembro de 2012

28 de agosto de 2012

Estamos com fome de amor



Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: “Digam o que disserem, o mal do século é a solidão”. Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão “apenas” dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a “sentir”, só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

[...]

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, “pague mico”, saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.
Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: “vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida.

Antes idiota que infeliz!”

Arnaldo Jabor


25 de agosto de 2012

Trechos



[...]Respirando fundo, ele me beija na testa e sai. Anda decidido até o carro, passando a mão no cabelo. Olhando para cima ao abrir a porta do carro, dá aquele sorriso de tirar o fôlego. Retribuo com um sorriso fraco, completamente deslumbrado, e torno a me lembrar de Ícaro se aproximando demais do Sol. Fecho porta de casa quando ele entra em seu carro esporte. Tenho vontade avassaladora de chorar, estou angustiada, e me sinto só e melancólica. Voltando depressa para o quarto, fecho a porta e me encosto nela, tentando racionalizar meus sentimentos. Não consigo. Escorrego para o chão, ponho as mãos na cabeça e deixo as lágrimas começarem a rolar.[...]


Anastasia Steele


(Trecho do livro "Cinquenta Tons de Cinza"  por E L James, pág. 180)

21 de agosto de 2012

Contos e encontros



Dia agitado muito trabalho, muito coisa a ser feita. O barulho da cidade não parava um só instante... De repente o telefone toca, na correria nem observei quem estava me ligando. Apenas senti um arrepio me percorrer o corpo quando ele falou do outro lado.
Sua voz grossa e um pouco rouca, fiquei surpresa com a ligação, a tanto já não me ligava. Perguntou-me por onde eu estava e como por coincidência ele estava próximo. Marcamos de nos encontrar no seu escritório, não ficava muito distante dali.
Ao chegar lá, eu o encontro sozinho, lindo como sempre. Com seu jeito ignorante e grosseiro me manda entrar. Ele estava sentado bem em minha frente e começamos a trocar algumas palavras, coisas bobas.
Ele todo sedutor se espreguiça na cadeira e deixa seu abdômen aparecer, o arrepio me percorre a espinha, como ele pode mexer tanto comigo assim. Olhando-me fixamente, me faz propostas um tanto indecentes e eu recuso de imediato, mas meu desejo era poder possuí-lo ali mesmo.
Ele chega mais perto, o ambiente está quente, senta ao meu lado. Minhas mãos suando frio. Ele percebe que estou ansiosa e que o desejo. Ele se aproxima mais e começa a falar baixinho em meu ouvido, passando seus lábios pela minha nuca. Sinto seu hálito quente.
Em uma fração de segundos ele me ergue e me joga em cima de sua mesa, eu tento resistir, mais não posso negar que também quero. Quero sim poder senti-lo dentro de mim, ali mesmo, em seu ambiente de trabalho. Ele delicadamente levanta minha saia e passeia com sua mãe por entre as minhas coxas, logo ele percebe o quanto estou molhada, desejando-o.
Sem demora o cinto é tirado, a calça é aberta e posso ver seu órgão ereto, firme, duro. Ele me puxa, e o introduz em mim. Solto um gemido, e ele continua em um movimento de vai e vem a me satisfazer o desejo. Desliza suas mãos pela minha perna até alcançar meu clitóris, e começa tocá-lo. Eu sentia meu corpo arder em chamas, há tempos não me sentia tão viva assim...
Sinto meu corpo todo estremecer, perco os sentidos, apenas sinto a doçura do momento que gozo...

Eu me levanto, me recomponho, dou-lhe um beijo e me retiro.
Ainda há muito que resolver lá fora...


16 de agosto de 2012


Os olhos ardem...

As lagrimas contidas há tanto tempo insistem em sair... Continuo a insistir em não chorar, em não deixar mais uma vez a dor tomar conta de mim.

Não quero mais sentir sua falta, não quero mais sofre a falta de não te sentir mais em mim.

Respiro fundo, e a lagrima volta a se conter.





Mesmo assim não tive medo,
Porque sei que amanhã é só mais um dia,
Mais uma manhã, outra noite fria


Lágrimas Contidas (Square)

8 de agosto de 2012

O teu segredo


O coração palpitava, estava ansiosa... Sabia que aquilo poderia não ser bom pra ela.

As mãos suavam, e ansiedade de abrir a caixa aumentava mais e mais.

Lentamente ela levanta a tampa da caixinha, e o coração batia cada vez mais rápido. Nesse momento as mãos tremiam, ela já não conseguia mais segura o pequeno objeto em suas mãos.

É talvez ela estivesse errada, mas estava ali diante dos olhos dela... O segredo que ele tanto escondia.

Foi impossível conter as lágrimas...


O silêncio toma conta do pequeno quarto. Só se houve seu choro.
Seus soluços.

Ela respira fundo, mas a dor que nesse momento inunda seu peito chega a ser insuportável. Deita na cama em posição fetal e fica ali por um longo tempo... Pensando.

Pensando em como o segredo dele roubo o seu sorriso...


Como eu pude um dia me apaixonar por você.


3 de agosto de 2012

Sobre o ciúme


Porque eu tenho pesadelos que parecem tão reais até quando você me abraça.
E eu acordo triste, e brigo de verdade e passo o dia grave e dolorida como quando a gente leva um tombo no piso liso... Que é só o passado.

É como se eu sentisse um ciúme horroroso do meu livro predileto comprado em sebo, a dedicatória apaixonada que não é a minha, os resquícios do manuseio de outras mãos. Alguém corrompeu o trecho que eu mais gostava quando grifou à caneta algo que não pude apagar com borracha e que era tão secretamente meu. Desenhou corações onde só havia minha dor e eu discordei da interpretação alheia. E achei aquilo tudo de uma crueldade atroz. Mas permaneci com o livro no colo, cheia de um afeto confuso por ele:

afeto pelo que era, angústia por já ter sido de outro alguém, e aquela sensação (imbecil) de falta de exclusividade.

Ciúmes é medo disfarçado em amor.
Eu que sempre achei que tudo é e está para o mundo.

Perdoa o meu senso de auto-importância, já que não consigo perdoar o meu egoísmo.

Eu sei que em alguns presentes, no embrulho, laços do passado são aproveitados. Eu só queria que eles não fossem tão vermelhos: desses que doem nos olhos e no coração.



Marla de Queiroz

31 de julho de 2012

Razões e Emoções


- Você só consegue utilizar a razão quando não está apaixonado (a)?

Não, dá pra ser racional mesmo quando se está apaixonado.
Porém quando se está apaixonado na maioria das vezes perde-se a razão e passamos a agir pela emoção, pelo impulso.

- Então você culpa a paixão, pelos seus atos?

Não seria culpar ou acusar a paixão, o problema é que nem sempre vivemos de razão. Até a própria razão precisa perder a razão às vezes para ter razão.
Por mais que tentemos nunca vamos agir sempre de forma racional. A emoção, o amor, a paixão é a válvula que impulsiona a vida, sem ela a vida não teria graça. Seriamos seres totalmente racionais e iríamos agir sempre da forma mais “correta e racional” possível, e em pouco tempo estaríamos vivendo de forma monótona. E não é isso que desejamos...
As grandes aventuras da vida, as grandes emoções, tudo só acontece por que deixamos em sua maioria a razão de lado e agimos apenas pela emoção, é quando deixamos ser levados pela vontade de fazer o “não é certo” (socialmente falando, pra discutir o que seria ou não certo), que somos realmente felizes e podemos dizer que, ai sim, nós vivemos de verdade.

Ser feliz é perder a razão de vez em quando.




Entre razões e emoções.
A saída...
É fazer, valer a pena!

(Razões e Emoções, Nx Zero)

19 de julho de 2012

Não vou roubar teu tempo.


Confesso, acordei achando tudo indiferente,
Verdade, acabei sentindo cada dia igual...
Quem sabe isso passa sendo eu tão inconstante,
Quem sabe o amor tenha chegado ao final?

Não vou dizer que tudo é banalidade,
Ainda há surpresas...
Mas eu sempre quero mais.
(Se) É mesmo exagero ou vaidade,
Eu não te dou sossego,
Eu não te deixo em paz.


Tanta coisa foi acumulando em nossa vida,
Eu fui sentindo falta de um vão pra me esconder.
Aos poucos fui ficando mesmo sem saída,
Perder o vazio é empobrecer.
Não vou querer ser o dono da verdade,
Também tenho saudade...
Mas já são quatro e tal.
Talvez eu passe um tempo longe da cidade,
Quem sabe eu volte cedo,
Ou não volte mais.




De uns tempos pra cá...


...ouve uma enorme ausência sua e minha.

Mas convenhamos, estávamos bem a vista e não percebemos.
Chegou um ponto que não deu mais pra esconder.
Explodir. Eu precisava abri o berreiro. Precisava parar de fingir. Eu precisava para de me enganar, de fingir que estava feliz.

Meu silencio foi à forma mais educada de expressar o quanto havia alguma coisa me incomodado. Eu precisava contornar isso, essa situação que me ofendia muito. 

- Desculpa. Aconteceu. Eu fui sentindo falta de um vão.
Mas, por favor, não se afasta de mim.

" Confesso que às vezes me dão umas crises de choro que parecem não parar, um medo e ao mesmo tempo uma certeza de tudo que quero ser, que quero fazer. '' 
CFA


Eu tava triste, sozinho!


Eu tava triste, tristinho!
Mais sem graça que a top-model magrela
Na passarela
Eu tava só, sozinho!


Mais solitário que um paulistano
Que um vilão de filme mexicano
Tava mais bobo que banda de rock
Que um palhaço do circo Vostok...

16 de julho de 2012

Você me desequilibra e me deixa em paz.


"São as nossas escolhas que revelam o que realmente somos, 
muito mais do que as nossas qualidades."
Alvo Dumbledore in: Harry Potter e a Câmara Secreta.


E existem tantas coisas na vida pra as quais eu ainda não estou preparada apesar de desejar muito.

Simples gestos de carinho me deixam confusas com relação ao que eu deveria ou não fazer, fingir que não percebi é impossível.

O fato de nos desejarmos tanto dessa forma é estranho, é como se existisse uma ligação muito forte que ao mesmo tempo em que nos aproxima também nos bloqueia.

Se você disser que não deseja, que não quer, eu não vou acreditar suas atitudes provam exatamente ao contrario.

Sinto que eu seria capaz de fazer qualquer coisa por você, se não fosse essa insegurança e esse medo de te perder.

Sinto-me uma pessoa cheia de desejos e de sonhos, e cheia de receios de torná-los realidade.

Não sei bem o que quero agora, não sei se quero a mesma coisa que eu tanto desejava a algumas horas atrás.

Vou ficar aqui no meu canto, quieta, esperando mais uma vez a tempestade passar... Quem sabe assim no final dela eu tenha certeza do passo que eu deva dar.



Tenho me confundido na tentativa de te decifrar, todos os dias. 
Mas confuso, perdido, sozinho, minha única certeza é que de cada vez 
aumenta ainda mais minha necessidade de ti. Torna-se desesperada, urgente. 
Eu já não sei o que faço. Não sinto nenhuma outra alegria além de ti. 
Como pude cair assim nesse fundo poço? Quando foi que me desequilibrei? 
Não quero me afogar: Quero beber tua água. Não te negues, minha sede é clara.
- Caio F. Abreu, só meu s2. 

12 de julho de 2012

Falta do seu abraço.

“Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se falta luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve”
Martha Medeiros


Não é de você que sinto falta...

E sim das coisas que nós fazíamos juntos, dos pensamentos que tínhamos iguais, das nossas conversas durante o dia, das nossas conversas com olhares, dos nossos encontros depois do expediente, da saudade que eu sentia quando não o via...

E do prazer que você me dava, quando com muita vontade me abraçava, me beijava infinitamente... 

Estou sentindo falta dos detalhes, das palavras, dos olhares...
Estou sentindo falta de não invejar os casais que passam ao meu lado sorrindo.

Nem sei se estou querendo muita coisa! Talvez eu esteja sendo exigente demais, egoísta demais. 
O que eu queria mesmo era estar feliz da mesma forma como eu estava!
Será que é tão difícil assim?
Será que um dia eu vou conseguir?

Algumas pessoas nascem para amar e outras nascem para viverem sozinhas e amar apenas o mundo... 
Sinceramente, eu me sinto no segundo grupo, como uma poetisa solitária,
Não é à toa que dizem que a solidão é o fim dos que amam.

Acho que o meu destino será sempre sentir falta, sentir sempre aquele vazio... 
Há um vazio, uma falta dentro de mim...

Estou sentindo muita falta de uma alegria que não tem fim! Estou sentindo falta do seu abraço.





Texto levemente adaptado por mim.

  

Falta de você.



Hoje amanheci sentindo falta de você... 

Não desta falta e anseio de seriedade, responsabilidade, medo ou qualquer coisa parecida que temos vivido ultimamente, senti falta das coisas mais simples que a nós eram preciosas.
Senti falta de rir à toa, de falar de amor, de fazer gracejos e ter como resposta o teu adjetivo que me deixa taxada: Boba... 

Hoje senti falta, muita falta, falta de dizer te amo rindo, sem ter que me preocupar se isso te soa bem, se estarás pronto a dizer que também me ama. Senti falta de contar piada, de rir de seus atos sérios, e depois rir bastante do seu sorriso e dizer que é por isso que te amo. Hoje não senti a falta saudade, de choro, pois já tem sido muito fiel e presente ultimamente.

Assumir a importância de quem está ausente ou 
do que não temos não é uma tarefa muito fácil.
Senti falta de dizer... Te Amo, mas aquele sincero, que vem acompanhado do mais belo sorriso e do brilho nos olhos.
Senti falta... Falta de tomar sorvete e me lambuzar todo com ele, depois ouvir você me chamando de desastrada.

Hoje amanheci sentido falta de você... 

Falta de me vestir de rosa e brincar de Power Rangers , de gritar que "eu tenho a força" como o he-man, hoje senti falta das brincadeiras no meio da rua, de todos os desenhos que fizeram parte da minha infância e se perpetuam na memória...
Hoje senti falta de beijar o espelho, de escrever cartinha tipo:Quer namorar comigo marque com um x. Rsrsrsrsrsrs
Hoje mais que nunca percebi que sinto falta de ser criança, falta de colo, falta de carinho, falta de ser amado

Mas hoje a minha única saudade pulsante que todas essas não se equivalem, é que realmente amanheci sentindo falta de você, saudade de você, saudade de sorrir, saudade de brincar com o amor, saudade de amar... 



Texto levemente adaptado por mim.

23 de junho de 2012

Metafórico




Tudo acabando aos pouquinhos, se desgastando, perdendo a cor.
Dos dias que eram felicidade e determinação agora brotam raízes de insegurança e medo.
Definho-me.
As ervas daninhas sufocam pouco a pouco as tulipas amarelas do meu jardim.

Já contei que eu adoro tulipas e que dá um trabalho danado cultivá-las?

Então. Agora sinto inútil o meu trabalho e fico observando de longe e com dor forte no peito todas elas partindo.
E vão sofrendo, espatifadas, aleijadas igualzinho aquela flor da Tiamelinha do conto do Caio.
A gente re-al-men-te se entrega nas menores coisas, nas menores dores, nos menores detalhes.
Sorrio triste constatando que não há nada que eu possa fazer a não ser continuar tentando - vivendo - .
Talvez, outro dia eu acorde bem cedo com aquela vontade louca de plantar outro jardim.
Depois do inverno é claro, que é pras plantas não sofrerem com o frio.
Mas por enquanto, ninguém entende essa minha falta de ação, aqui sentada só esperando as coisas acontecerem.
E me olham com aquelas caras de espanto, os olhos arregalados e na voz um tom sutil de indignação.
Ah! menina, o que foi que foi que aconteceu com você? O que foi que fizeram com você?
Tenho vontade de responder:  Mas eu também não sei, eu também não entendo.
Roubaram a minha alegria. Pegaram as minhas certezas e jogaram ao vento.
Privaram-me do sol quente e me deixaram na sombra fria. Longe do cuidado que eu desejava, longe daquele porto já tão conhecido e venerado.
Mas ninguém  ousaria saber do que eu falo, ninguém seria capaz de compreender. E com a voz embargada e os olhos tempestivos, pondero.
Evito as deduções erradas e me deixo soar infantil e melodramática.

Não foi nada.

Foi só a minha tulipa amarela que  - morreu.

19 de junho de 2012

Ei! Sorria...



Ei! Sorria... Mas não se esconda atrás desse sorriso...
Mostre aquilo que você é, sem medo.
Existem pessoas que sonham com o seu sorriso, assim como eu.
Viva! Tente! A vida não passa de uma tentativa.
Ei! Ame acima de tudo, ame a tudo e a todos.
Não feche os olhos para a sujeira do mundo, não ignore a fome!
Esqueça a bomba, mas antes, faça algo para combatê-la, mesmo que se sinta incapaz.
Procure o que há de bom em tudo e em todos.
Não faça dos defeitos uma distancia, e sim, uma aproximação.
Aceite! A vida, as pessoas, faça delas a sua razão de viver.
Entenda! Entenda as pessoas que pensam diferente de você, não as reprove.
Ei! Olhe... Olhe a sua volta, quantos amigos...
Você já tornou alguém feliz hoje?
Ou fez alguém sofrer com o seu egoísmo?
Ei! Não corra. Para que tanta pressa? Corra apenas para dentro de você.
Sonhe! Mas não prejudique ninguém e não transforme seu sonho em fuga.
Acredite! Espere! Sempre haverá uma saída, sempre brilhará uma estrela.
Chore! Lute! Faça aquilo que gosta, sinta o que há dentro de você.
Ei! Ouça... Escute o que as outras pessoas têm a dizer, é importante.
Suba... faça dos obstáculos degraus para aquilo que você acha supremo,
Mas não esqueça daqueles que não conseguem subir a escada da vida.
Ei! Descubra! Descubra aquilo que há de bom dentro de você.
Procure acima de tudo ser gente, eu também vou tentar.
Ei! Você... não vá embora.
Eu preciso dizer-lhe que... te adoro, simplesmente porque você existe.


Charles Chaplin


1 de junho de 2012

Strip-Tease



Chegou ao apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender. Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente. Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.

Primeiro tirou a máscara: "Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto".

Então ela desfez-se da arrogância: "Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."

Era o pudor sendo desabotoado: "Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou".

Retirava o medo: "Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei".

Por fim, a última peça caía, deixando-a nua "Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui".

E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.


Martha Medeiros

Faz de Conta




Não respondo teus e-mails, e quando respondo sou ríspido, distante, mantenho-me alheio: FAZ DE CONTA QUE EU TE ODEIO.
Te encho de palavras carinhosas, não economizo elogios, me surpreendo de tanto afeto que consigo inventar, sou uma atriz, sou do ramo: FAZ DE CONTA QUE EU TE AMO.
Estou sempre olhando pro relógio, sempre enaltecendo os planos que eu tinha e que os outros boicotaram, sempre reclamando que os outros fazem tudo errado: FAZ DE CONTA QUE EU DOU CONTA DO RECADO.
Debocho de festas e de roupas glamurosas, não entendo como é que alguém consegue dormir tarde todas as noites, convidados permanentes para baladas na área vip do inferno: FAZ DE CONTA QUE EU NÃO QUERO.
Choro ao assistir o telejornal, lamento a dor dos outros e passo noites em claro tentando entender corrupções, descasos, tudo o que demonstra o quanto foi desperdiçado meu voto: FAZ DE CONTA QUE EU ME IMPORTO.
Digo que perdôo, ofereço cafezinho, lembro dos bons momentos, digo que os ruins ficaram no passado, que já não lembro de nada, pessoas maduras sabem que toda mágoa é peso morto: FAZ DE CONTA QUE EU NÃO SOFRO.
Cito Aristóteles e Platão, aplaudo ferros retorcidos em galerias de arte, leio poesia concreta, compro telas abstratas, fico fascinada com um arranjo techno para uma música clássica e assisto sem legenda o mais recente filme romeno: FAZ DE CONTA QUE EU ENTENDO.
Tenho todos os ingredientes para um sanduíche inesquecível, a porta da geladeira está lotada de imãs de tele-entrega, mantenho um bar razoavelmente abastecido, um pouco de sal e pimenta na despensa e o fogão tem oito anos mas parece zerinho: FAZ DE CONTA QUE EU COZINHO.
Bem-vindo à Disney, o mundo da fantasia, qual é o seu papel? Você pode ser um fantasma que atravessa paredes, ser anão ou ser gigante, um menino prodígio que decorou bem o texto, a criança ingênua que confiou na bruxa, uma sex symbol a espera do seu cowboy: FAZ DE CONTA QUE NÃO DÓI.


Martha Medeiros

Promessas de Casamento




Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento a igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre.

"Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?"

Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões:

- Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
- Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
- Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
- Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?
- Promete se deixar conhecer?
- Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
- Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
- Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?
- Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?
- Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja? Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declaro-os maduros.



Martha Medeiros

18 de maio de 2012

Meu desenho...




Um gato de asas, de cabeça pra baixo em um poste...

Não me pergunte por que!!


Motivos pelos quais devemos amá-los...




Em primeiro lugar, os homens devem ser amados por sua já dita simplicidade. É ela que está por trás daquela capacidade nata de nos irritar, quando estamos tagarelando sem parar a respeito de um problema que nos parece indissolúvel e eles surgem com seu pensamento linear e seu cheiro de masculinidade, nos apresentando uma solução tão óbvia, que nunca seria possível termos pensado nela. Nessa hora, nós devemos amá-los com alívio e um sorriso, por termos tal herói presente em nossas vidas e não começar a inventar agravantes só para piorar o problema de propósito e a resposta dele não servir.

Os homens também devem ser amados por não conseguirem nos entender. Porque, afinal de contas, nem a gente consegue, ora porras! Nossa equação formada por hormônios, emoções, desejos e nojos é tão complicada, que sentar no colo dos nossos queridos e ganhar um cafuné é o maior alívio do mundo. Por sermos tão complexas, não nos custa nada tentar.

Também devemos amá-los por sua beleza. Não há nada mais belo do que aqueles olhos de menino, por trás de um cenho franzido e uma barba por fazer. Observe a beleza de seus gestos desajeitados, da gargalhada sem amarras, do tesão constante e das preocupações tão sérias. Eles são lindos assim.

Devemos amar em silêncio. Não precisamos inventar o que dizer, quando não há. Eles irão entender. E irão preferir. Prefira você um carinho, um beijo. Um gesto de amor. Uma cerveja trazida da geladeira. Isso pode ser mais eficiente do que qualquer discurso interminável sobre a tampa da privada erguida.

Nós, como mulheres, devemos amá-los por nos proteger. Por mais que você não queira, ele se sente responsável por você. Eles devem ser amados enquanto levam horas para trocar uma lâmpada. Você o admira sentada no banquinho, dizendo que não sabe o que faria sem ele e pensando que faria o mesmo serviço em quinze minutos. Ame-os deixando que tentem consertar o encanamento, abrindo o vidro de palmito e te ligando de cinco em cinco minutos, para saber se você chegou bem em casa.

Devemos amá-los como eles são. E não pelo que poderão ser, depois que os mudarmos. Porque não devemos mudá-los. São maravilhosos do jeito que os conhecemos, ou não teríamos nos apaixonado. E se não são tão maravilhosos assim ou aceitamos, ou deixamos seu caminho livre. É assim que se ama uma pessoa.

E por fim, mas não menos importante: devemos amar o seu amor. Suas palavras erradas, seus gestos brutos, suas reações exageradas, e até seus desejos e vontades que não dizem respeito a nós mesmas. Não só porque é exatamente assim que agem as pessoas profundamente apaixonadas, mas porque é exatamente assim que nós mesmas somos.



Textos extratido do blog Memórias da Pedra do Sapato.