Quem escreve constrói um castelo;
E quem lê passa a Habitá-lo...

15 de fevereiro de 2012

Dá realmente pra ser assim?



Eu sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva uma noite, que estraga uma semana só pelo prazer de ser má e tirar as correntes da cobrança do meu peito. Que acha todo mundo meio feio, meio bobo, meio burro, meio perdido, meio sem alma, meio de plástico, meia bomba. E espera impaciente ser salva por uma metade meio interessante que me tire finalmente essa sensação de perna manca quando ando sozinha por aí, maldizendo a tudo e a todos. Eu só queria ser legal, ser boa, ser leve. Mas dá realmente pra ser assim?


Tati Bernardi

14 de fevereiro de 2012

Nada é tão definitivo.


Entre pernas, passos e tropeços a gente vai deixando algumas coisas pelo caminho e encontrando outras... O que não pode é se subtrair. O processo tem que ser de acréscimo, sempre. Nada é tão definitivo assim e a gente nunca É, a gente ESTÁ... 
Sempre digo que quem se aprofunda nas coisas, quem mergulha, sabe exatamente o gosto que tem o alimento cru porque não se contenta com o que está pronto, posto sobre a mesa. A gente vai experimentando aqui e acolá, vai sentindo o ritmo, o tempo, tendo cuidado com algumas coisas e desrespeitando as placas de aviso de perigo de outras. A gente cai, levanta, chora, celebra. A gente vive. A gente se conhece através das reações dos outros a nós mesmos. A gente se trabalha ou estagna, regride ou evolui. A escolha é sempre nossa. Tal como as consequências. A gente resolve se entregar quando é tarde pra descobrir que pra respeitar o nosso próprio tempo, é preciso lembrar e ter o mesmo respeito pelo tempo do outro. E que muitas vezes, pra ser honesto, é preciso se correr um risco o qual não queremos. Mas a gente corre. A gente aprende que... 

A vida real, muitas vezes, nos é apresentada pulsante, em carne viva, sem maquiagem. Com as veias todas à mostra. O que pode ser desagradável de se ver ou emocionante como um parto... 

O que posso dizer é que existem na vida pessoas sedutoras e seduzíveis por quem nos apaixonaremos "definitivamente" todos os dias e que amaremos "para sempre" hoje! 
Sei que os grandes relacionamentos que tive foram os que me renderam as melhores metáforas. Que me despertaram uma vontade constante de ser uma pessoa cada vez melhor e mais inteira. Que me deram colo e não conselho e beijo na boca quando o silêncio ainda era a melhor resposta. Algumas dessas pessoas se foram antes que eu pudesse lhes contar uma história bonita e eu chorei feito menina. Outras ficaram até descobrir que uma caixa de Kiwis era o melhor presente que eu poderia ganhar no meio de uma tarde triste... Outras, ainda, me cobraram respostas demais e eu só sabia que nunca aprendi a andar de perna de pau porque tenho medo de altura (o que por um lado pode ser também resposta para várias outras coisas). Mas todas essas pessoas me desenvolveram e isso ficou comigo; são minhas porque faziam parte do meu potencial amoroso e elas vieram só pra me conduzir ao melhoramento do meu amor. Hoje o meu grau de exigência aumentou muito porque aprendi que dar amor não é a mesma coisa que dar carência. Por isso fico sozinha pelo tempo que for necessário para ter novamente essa sensação de "encontro". Abandonei um monte de certezas, recuso sem pudor algumas regras e desrespeito várias vezes as placas de aviso de perigo. Me divirto muito ou sofro, mas tenho cada vez mais faisquinhas nos olhos por viver as coisas em sua totalidade, sem recusar experiências e aproveitando diversas possibilidades. 

Agora, tem um lado muito romântico meu que diz que a "tal pessoa" virá e enroscará uma margaridinha nos meus cabelos... Fazendo pousar no meu rosto o sorriso de um beija-flor e plagiará Neruda sussurrando ao pé do ouvido: "Quero fazer com você, o que a Primavera fez com as cerejeiras..." 

É isso. Pule no tal abismo quando seu coração bater tão forte que só te restará pular. Vc só vai saber se fez a coisa certa, fazendo-a. Só se pode falar do que se conhece e não há como conhecer pela superfície, é preciso tocar verdadeiramente nas coisas e então, se deixar ser tocado por elas. O importante é lembrar que a escolha é sempre nossa e que no momento em que tudo nos foge ao controle é porque chegamos na parte mais importante do aprendizado. 

Que o medo não tenha tanto poder sobre nós... E que não fiquemos condicionados por experiências anteriores - há sempre uma oportunidade de surpresa, mas teremos que estar abertos a isso. Nada é tão definitivo.



Marla de Queiroz

1 de fevereiro de 2012


Hoje, eu só queria uma noite de luar, regada de um bom vinho... E eu e você deitados na grama vendo as estrelas!!!


As vezes EU



As vezes boba, confusa, brincalhona, outrora séria, chata e até irritante.
As ve...zes menina, mulher, as vezes até velha demais;
As vezes solteira, enrrolada e quem sabe um dia casada;
As vezes simplesmente de TPM;
As vezes e só as vezes mudo de humor, acho que sou um pouco bipolar, ah... acho que não!
As vezes musica alta, outrora baixa e as vezes silêncio;
As vezes livro, revista, filme, as vezes caneta e papel;
As vezes acerto, outras erro em tantas tento, aumento, invento, mas sempre tento.
As vezes dou risada alta para demonstrar minha felicidade,
mas também faço isso pra esconder minha dor.. vai entender??!!
As vezes choro, em um abraço, ouvindo uma musica, ou só choro, porque preciso.
As vezes e muitas vezes sincera demais, para tanta facildade alheia;
As vezes amiga, amante, mulher, profissional, conselheira, filha, as vezes EU.
Na maioria das vezes tento entender de quantas sou feita, porque ainda nem terminei.
Ah antes de esquecer... as vezes eu evoluo e começo tudo de novo só pra variar um pouco eu amadureço todos os meus EUs, mas as vezes e somente as vezes!!


Tati Zanella